Concluo às vezes de que Niemeyer era mais jovem que eu.
Já dizia Jean Jacques Rousseau: “- A juventude é a época de se estudar a sabedoria; a velhice é a época de praticá-la”.
Em alguns momentos me vejo admirando os jovens com a visão de quem poderia compartilhar com eles experiências e conselhos. Com crianças ao redor e no colo, pareço olhar pra uma infância distante.
No barbear já aparo o bigode com uma tesourinha, e no canto dos olhos já aparecem os pés de galinha. Quando me sinto velho não é relativo ao meu exterior, é algo que está dentro. Talvez consequência de uma maturidade precocemente adquirida, da antecipação de um “tempo” que estava longe no tempo.
E com a idade – maturidade – os planos mudam, e juntos com eles os sonhos e perspectivas. Já se pensa cada vez mais no futuro do que no presente, pegasse mais gosto pelo acomodável ao invés do adaptável, é melhor ser conservador do que travesso, prefere-se o xadrez do que o futebol, e os livros e a solidão são nossos melhores amigos.
Mas ao mesmo tempo em que a idade parece avançada, me pego sentado ao chão com hot wheels em volta, e deslizo-os como uma criança que imagina uma São Paulo em seu tapete! Dou risada com coisas simples como ler um gibi do Zé Carioca, ou com a mordida no próprio rabo do Zé Jacaré. Os bate-papos de horas e horas com os amigos, que na maioria das vezes o assunto mais importante são os trabalhos de escola. Fase de tranquilidade, onde o amanhã não interessa.
Difícil tem sido conciliar eras diferentes como essa. Cheguei à conclusão de que a melhor época é fase adulta, onde é permitido ser criança, jovem e velho ao mesmo tempo. Não somos donos do tempo, mas é ele quem nos possui! Como disse a “poeta”: - Sou jovem pra ser velho, e velho pra ser jovem.
Newton Prado